Encontro virtual
revelou consenso pela prorrogação da data em algumas semanas devido ao
enfrentamento da pandemia do coronavírus.
Na manhã desta terça-feira (16), autoridades e especialistas em saúde
participaram de uma reunião virtual para discutir a necessidade de adiamento
das Eleições 2020 em razão da pandemia causada pelo coronavírus (Covid-19).
Entre os participantes, houve um consenso pelo adiamento
do pleito por algumas semanas, garantindo que seja realizada ainda este ano, em
data a ser definida pelo Congresso Nacional com base em uma janela que varia
entre os dias 15 de novembro e 20 de dezembro.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
ministro Luís Roberto Barroso, destacou que “esse foi um encontro interessante
entre ciência, direito e política com a proposta de encontrarmos a melhor
solução para o país”. Ele afirmou ainda que a palavra final é do Legislativo,
que deve deliberar para conciliar as demandas da saúde pública com a
democracia.
A discussão contou também com a participação do
vice-presidente da Corte, Edson Fachin, do presidente da Câmara dos Deputados,
Rodrigo Maia, do Senado Federal, Davi Alcolumbre, e de renomados médicos e
cientistas como David Uip; Clovis Arns da Cunha; Esper Kallás; Ana Ribeiro;
Roberto Kraenkel; Paulo Lotufo; Gonzalo Vecina; e Atila Iamarino. Também
participaram diversos líderes partidários das duas Casas do Congresso Nacional.
Cada especialista fez intervenções curtas, de três a
cinco minutos cada, para falar do quadro atual e da perspectiva para os próximos
meses em relação à evolução e ao controle da doença. Em cada manifestação, os
médicos reforçaram as características únicas desse vírus, que acomete
principalmente os mais vulneráveis e com limitadas opções de tratamento. Eles
destacaram que esta não é uma gripe como outras que já surgiram, principalmente
porque atinge rapidamente os órgãos e tem alto índice de mortalidade.
O médico David Uip, por exemplo, pontuou que o Brasil é
um país continental e, por essa razão, a doença se manifesta de forma heterogênea
dependendo de cada região. Entre as sugestões apresentadas para além do
adiamento do pleito, há a possibilidade de horários estendidos para a votação,
definição de horários específicos para população vulnerável, treinamento e
simulação sobre medidas de higiene para todos que vão trabalhar e aumento dos
locais de votação para evitar aglomerações.
Parlamento
O presidente do Senado fez questão de ressaltar a
importância do significado desse encontro para debater o adiamento das eleições
e afirmou que “instituições que têm responsabilidade em momentos históricos
como o que estamos vivendo têm a consciência de que essa decisão
necessariamente precisa ser em conjunto”.
Segundo Alcolumbre, há um significado simbólico no fato
de ouvir os representantes do povo, o que demonstra o respeito do TSE pelo
Parlamento ao envolver todos nessa discussão desde o ponto de partida até a
solução. Alcolumbre também registrou seu agradecimento à Justiça Eleitoral
principalmente pelo comprometimento e pela valorização da ciência.
“Ouvir a medicina e profissionais de saúde é
fundamental”, disse ele, ao exaltar que a união entre ciência, Poder
Legislativo e Poder Judiciário na construção de alternativas para cuidar da
vida dos brasileiros fortalece a democracia e garante que as eleições serão
realizadas com segurança.
O presidente da Câmara, por sua vez, reforçou que, acima
dos interesses políticos envolvidos nas eleições, deve estar o bem comum. “Nós
temos que pensar no bem de todos e garantir a saúde da população”, afirmou.
Outros parlamentares das duas casas fizeram suas
exposições com base nas informações das regiões que representam e apontaram
sugestões a serem analisadas.
Considerações
finais
Barroso afirmou que o objetivo maior dessa reunião é
colher informações técnicas e científicas a respeito do adiamento. Segundo ele,
o ideal é que essa definição seja feita até o dia 30 de junho, em virtude do
calendário eleitoral. Ele falou da possibilidade de criação de uma cartilha de
orientação para eleitores e mesários sobre como se comportar no dia da votação.
Ele também destacou as discussões que estão sendo
analisadas no âmbito da Justiça Eleitoral, tais como a possibilidade de
suspensão da identificação do eleitor por meio da biometria para diminuir o
contato físico entre os envolvidos.
Além disso, o presidente do TSE lembrou que realizar a
votação em dois dias implica em um gasto extra de cerca de R$ 180 milhões. Os
custos são relativos à alimentação de mesários e à atuação de militares para
garantir a segurança das urnas nos locais de votação de um dia para outro, por
exemplo.
Já o ministro Edson Fachin afirmou que práticas
democráticas são imprescindíveis, especialmente nas crises e emergências. Para
ele, manter a condição de normalidade possível às eleições periódicas faz bem para
a saúde da democracia. “A Justiça Eleitoral estará à disposição da sociedade
brasileira para levar a efeito um processo eleitoral com a normalidade possível
e com toda legitimidade”, disse.
FONTE: TSE

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